PONTO PRÉVIO: “Entre o Carlos Alberto (a atacar o líder da UNITA/ACJ) e o William Tonet (a fazer o mesmo com JLo/MPLA), resta apurar quem é que está a desgastar mais a imagem da liderança atacada na praça pública pelos dois comunicadores. A disputa está aberta. Que vença o melhor. É a natureza a tentar reequilibrar-se. Eu se fosse o ACJ nem me queixava mais. O WT parece estar claramente na dianteira (By Reginaldo Silva).
Por William Tonet
A amizade é um conceito sagrado, de tal monta que um verdadeiro amigo prefere morrer, ao acovardar-se, entrega às feras ou guilhotina o kamba.
Com os meus amigos não busco o unanimismo, mas consensos, pois, em democracia, a opinião deve ser livre!
Não vou comentar este post, alegadamente, da paternidade, do meu amigo Reginaldo Silva, por quem nutro, respeito e consideração.
Não sou homem de aceitar paralelos, pois abomino ficar em cima do muro. Daí não saber se a opinião supra está fora ou dentro do contexto, para voluntária ou involuntariamente, servir de subsídio a navegação radical e extremista castrense, cuja interpretação difusa a pode levar ao desvario actuante…
Não sei como surgi no meio deste turbilhão, não tendo metido a colher em peleja onde estivessem Carlos Alberto e Reginaldo Silva.
Nunca procurei protagonismo, nas acções e actos, principalmente por abominar vitórias de Pirro, em terrenos pantanosos, como os de um país que navega com uma Constituição atípica, onde a vontade do plural soberana, inexiste.
Mais, para que fique claro, sendo o post verdadeiro e da autoria do meu amigo Reginaldo Silva: nunca estive contra João Lourenço, nem enquanto cidadão, meu compatriota e ex-camarada de partido, tão pouco, nas vestes de Presidente da República.
De onde a santidade tirou a ideia de eu estar a combater o presidente do MPLA e chefe de Estado? Pelo contrário, não aceitando integrar o exército da bajulação e dos “jobs for the boys”, tornei-me, humilde opinião, em sério e leal aliado, apontando erros e um quadro o mais próximo da realidade e dos gemeres e sentires das sofridas gentes…
Reconheço, ter sido positiva a acção inicial de João Lourenço ao abraçar uma bandeira antiga da sociedade civil, hasteada desde 1977 e da oposição partidária, em 1991, ao institucionalizar o combate aos crimes de corrupção.
O que agora, se lhe condena é a selectividade, cunhada com uma espécie de raiva e ódio, num combate cujo objectivo final seria a credibilização dos actos dos agentes públicos, o resgate de uma grande maioria do dinheiro desviado e o fomento e incremento do emprego.
Quando o combate à corrupção, tem como eixo condutor, um sistema de justiça selectivo, com magistrados e leis corruptas, a sua credibilidade começa a minguar e daí ao descrédito vai uma curta distância, principalmente, com os altos índices de desemprego, a inflação galopante, o encerramento de empresas, o alto custo dos principais produtos alimentares, a quase falência do sistema bancário.
É isso que denuncio, não transformando em combate, contra João Lourenço, um homem com todos os poderes e pessoa que, pessoalmente, pese o seu feitio introspectivo, prezo. Não sou cínico e a higiene intelectual e ética profissional impedem-me de fazer fretes, por ter já, o presidente, no seu restrito séquito muitos soldados da bajulação, que o alimentam, infelizmente, na lógica de quanto mais sangue melhor…
Mas nesta fase dantesca, ainda que uns rejubilem, com as prisões de alegados corruptos, por incrível, todos do MPLA (por inexistência de outros de outros partidos), estando este partido no poder, só gigante, por influência dos fundos da corrupção, a existência de 13 mil desempregados, cujas estatísticas são responsáveis pelo aumento da fome, miséria e instabilidade social, preocupam, qualquer pessoa e profissional de bem.
Eu combato a fórmula similar à da inquisição, de triste memória, que, ao tentar purificar o catolicismo, criou sérias fissuras, dividindo a igreja católica, prendeu injustamente, matou inocentes, e não surtiu os efeitos que se impunham.
Eu denuncio a instauração da raiva, do ódio, da discriminação, da humilhação, como instituição, que espalha o medo e terror, para vingar o seu poder, colocando-se indiferente ao encerramento de empresas, a venda da soberania económica ao capital estrangeiro, afugenta os investidores, afasta o dinheiro, paralisa o país, mas isso não considero crime.
O realismo não pode ser um crime, salvo se nos estivermos a aproximar do catecismo da traição e da morte.
Eu amo a vida! Amo a virtude do jornalismo intrépido…
O meu papel, enquanto jornalista não é estar a favor ou contra o mais alto magistrado da República, mas o de escrutinar os seus actos, principalmente, aqueles que nos podem levar a um mar turbulento.
O papel do jornalista é este, outro desconheço, mas, humildemente, não fecho a porta a uma nova aprendizagem, desde que não me obriguem a ser caracol ou um profissional incapaz de pensar pela própria cabeça.
Sou um homem que gosta de ser livre e adora voar nas nuvens das liberdades: todas!
Odeio o absolutismo!
Abomino o totalitarismo fascista e dá-me escárnio a ditadura em democracia, por mais refinada que seja…
Como jornalista e homem livre, nunca traí os meus ideais, mesmo quando tive de enfrentar algemas ditatoriais e as fedorentas masmorras do regime monopartidário, em 27 de Maio de 1977. Não verguei a coluna vertebral, por respeito aos ideais em que acredito e, quando no 19 de Julho de 1977, às 16h50’, fui preso pelo célebre torturador da DISA, Cajó (Carlos Jorge meu canoa, no Campo Prisional de São Nicolau), aliás, o meu amigo Reginaldo Silva, também, esteve preso, não neguei, o orgulho de ter conhecido Nito Alves, com os seus defeitos e muitas virtudes.
Fui alvo das piores sevícias e não traí, nem nos papiros os meus camaradas de rota e, aos meus algozes, transmiti-lhes a sensação de convicção de não ser um traidor ou um lambe-botas, pelo contrário cimentei a ideia de ser um homem de lado. Sim tenho lado, o lado da LIBERDADE, JUSTIÇA, EQUIDADE E DEMOCRACIA!
Se assim não fosse, no tempo de partido único, mesmo depois de ter estado nas masmorras, não ousaria liderar um programa único, na TPA (Televisão Popular de Angola) de investigação e crítica económica.
Foi o único programa de crítica económica e de maior audiência: PANORAMA ECONÓMICO, no tempo de opção socialista, em que não havia multipartidarismo, nem liberdade de imprensa!
Fui único! Logo, o primeiro jornalista/realizador, em pleno período de ditadura do proletariado, em que não se podia falar fora do quadro: vermelho/amarelo/preto/MPLA a ousar denunciar, quinzenalmente, em horário nobre, na televisão, os desvios, a má gestão dos bens, o roubo de dinheiro público e a corrupção, que já, naquela altura, grassava no interior da elite proletária do MPLA, sempre marcada pelo ADN, nos corredores das instituições e órgãos do Estado.
Nesta peregrinação cidadã, quem me conhece sabe, nunca me ter prostituído, nem escondido, por detrás de qualquer muro, por dar, como crítico, cara e rosto a indignação colectiva e singular dos cidadãos, assinando cada escrito, sem pseudónimo, como devoto da LIBERDADE!
Como jornalista e activista da sociedade civil, ao longo da carreira, nunca combati pessoas, a sua singularidade – cidadã, mas os actos, no exercício de funções, enquanto agentes e gestores da rés-pública.
No tempo de José Eduardo dos Santos, quando ele tinha todo poder, o absoluto, fui dos poucos a criticar, aberta, regular e persistentemente, os desvarios de uma governação discriminatória e danosa, para Angola e a maioria dos angolanos, mas como não viam, nem ouviam o óbvio, aliás, como a maioria dos ditadores de ontem e de hoje, o faz, também, ex-Presidente da República e do MPLA preferia ser assassinado pelo elogio do que salvo pela crítica.
Infelizmente, é isso que critico em João Lourenço pois está mais cedo que o outro a adoptar este princípio, por maliciosamente, o terem convencido ser o novo Messias, que poderá perpetuar-se por 39 anos no poder, sem consequências…
Hoje, o seu antecessor, JES, deverá estar a fazer contas, pelos erros de contabilidade analítica e a falta de higiene intelectual de muitos, que integraram o seu séquito, por se apresentarem como virgens inocentes, apontando-lhe o dedo como único monstro dos crimes dolosos e danosos, causados na esfera da maioria dos angolanos.
Neste desvario, custa-me reconhecer, mas José Eduardo dos Santos é, até hoje, o dirigente mais honesto do MPLA, tendo honestidade duas pistas: a ética cristã e a perversa. Neste quesito, o maior crime de JES, foi tornar, com fundos públicos do Estado, o MPLA no partido mais rico do mundo, para se perpetuar no poder e os proletários em proprietários vorazes, enriquecendo, ilicitamente, a maioria dos membros do bureau político e comité central do MPLA, incapazes de justificar a origem lícita do património móvel e imóvel, que ostentam.
Sempre dei foco à crítica, nunca à esquizofrenia, pela importância de um jornalismo democrático e a obrigação desapaixonada de escrutinar os actos dos políticos, exclusivamente, no exercício de funções públicas.
Por isso, nunca ataquei a individualidade do cidadão, pai, avô, marido, etc., José Eduardo dos Santos, daí não lhe poder ter rancor, raiva e ódio, diferente comportamento, quanto as acções públicas, lesivas aos interesses públicos, numa clara separação de águas, como discrimino alguns:
a) Integração do corpo de juristas, que intentou uma acção judicial, contra a nomeação de Isabel dos Santos, para PCA da SONANGOL.
A totalidade dos membros do bureau político e comité central do MPLA, os procuradores da República, os juízes, acobardaram-se, foram omissos, logo, cúmplices, aplaudindo JES e condenando a acção dos advogados;
b) Acção contra a nomeação de José Filomeno dos Santos para presidente do Fundo Soberano, igualmente a cúpula partidária, judiciária e governativa, aplaudiu, calando-se, como cúmplice…
c) Processo contra a ex-ministra da Justiça, Guilhermina Prata, por adulteração de documento autêntico; Bilhete de Identidade, face à aposição ilícita de duas esfinges: Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos, estranhas a personalidade do titular do documento;
d) Resistência e rejeição de venda do semanário Folha 8 e da produtora de televisão WT-MUNDOVÍDEO, Lda.
Por estas e outras, fui mal compreendido e alvo de uma perseguição impiedosa, como nenhum outro adversário ou inimigo do regime liderado pelo MPLA, no tempo de José Eduardo dos Santos, com continuidade no actual consulado, despojando-me de direitos adquiridos e forte perseguição, como os mais de 115 processos judiciais, três condenações, quatro prisões, três tentativas de homicídio, um envenenamento, cassação da carteira de advogado, retirada de direitos no exercício profissional, assalto à redacção do Folha 8, com a DNIC a roubar os computadores e todo sistema informático, assalto ao escritório de advogados, da residência, retirado da reforma pública e militar, com desvio do processo da Direcção Principal e Quadros das FAA, etc., tudo para intimidar e calar uma voz que não vendeu, nem venderá a alma ao diabo.
Mas, dirão, outros também, foram presos, sim! Mas a nenhum deles, incluindo os da ex-oposição militar, lhe foi, ilicitamente, retirado os títulos profissionais e académicos, num malicioso convite de integração nos exércitos da delinquência ou droga, desejo pérfido, para que vegete nas ruas da amargura.
Meu kamba, caros leitores, senhores da Segurança de Estado e os matadores oficiais, eu não combato, o Presidente João Lourenço, eu combato as práticas danosas e discriminadoras, que estão a empobrecer o país, colocá-lo na rota do colonialismo económico e da explosão social. O meu combate é para o Presidente abandonar os bajuladores, abrir os olhos à realidade e começar a governar, cultivando a paz, a reconciliação, a unidade, para o país não ser um viveiro de raivas e ódios, na mudança de Presidentes da República.
Se entre os presidentes do MPLA é assim, como será a perseguição, a justiça, os arrestos, as prisões e as humilhações públicas, com a oposição, no poder em 2022.
Uns dirão, que o meu post: “EM 2022, VÃO GOSTAR”, que teve visualizações jamais imaginadas, por mim, não vingará, por já estar a ser construída, a nova sede da CNE, com um túnel para o Palácio Presidencial (está a 100 metros) e um juiz presidente, Manuel da Silva acusado de estar comprometido com a fraude e corrupção.
Óbvio que resistirei a incompreensões, intrigas e traições de toda a espécie e frentes, incluindo a de amigos, mas estarei, na mesma trincheira: Folha 8 e LIBERDADE!